Trás-os-Montes: Empresários querem menos burocracia nos apoios
Associações empresariais de Trás-os-Montes defenderam melhores alternativas de financiamento a médio e longo prazo por parte da banca, menor burocracia e maior clareza dos apoios do Estado para os empresários superarem a crise pós-pandemia.
“As empresas portuguesas não são capitalizadas como devem ser. Nascem de uma ideia de um empresário, mas desenvolvem-se com um défice de capital. Falta apoio de médio e longo prazo para o financiamento às empresas e a banca deve criar alternativas ao curto prazo”, defendeu o presidente do NERVIR – Associação Empresarial de Vila Real, José Magalhães Correia.
O responsável da NERVIR falava durante a conferência ‘Portugal que faz’, iniciativa do Novo Banco e da Global Media Group, dedicada à região de Trás-os-Montes, Alto Tâmega e Douro que decorreu hoje no Régia-Douro Park, em Vila Real, com moderação do jornalista Paulo Ferreira.
José Magalhães Correia alertou ainda que a banca deve “encontrar soluções de financiamento que facilitem a vida das empresas”, caso contrário “pode criar-se uma situação muito perigosa para empresas que já estão descapitalizadas”.
O presidente da Associação Empresarial do Distrito de Bragança (NERBA), Hélder Teixeira, que também participou no debate, apontou a necessidade de uma “maior clareza nos apoios”.
“São pouco claros e aquilo que é dito na televisão as pessoas não têm acesso. [No interior] temos pequenas empresas de uma ou duas pessoas e com dificuldade em aceder a estes programas”, sublinhou.
Hélder Teixeira defendeu ainda que, após a pandemia, é necessário criar “linhas de apoio que permitam aos empresários recorrer a esses apoios para alavancar os seus projetos”.
E acrescentou que os empresários do interior estão habituados a viver constantemente em crise, seja “financeira, ambiental ou de acessos”.
O presidente da Associação Empresarial do Alto Tâmega (ACISAT), Vítor Pimentel, realçou que os processos de apoio aos empresários são burocratizados e que “nem sempre as ajudas chegam em tempo útil para salvar empresas”.
“A nossa região [Alto Tâmega] é marcada por empresários com extrema resiliência, caso contrário não estavam lá e já tinham desistido”, apontou, lembrando as dificuldades que o pequeno comércio, restauração e hotelaria estão a sentir devido à quebra do turismo, um setor que estava em crescimento antes da pandemia de covid-19.
Já o presidente da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Macedo de Cavaleiros, Paulo Moreira, frisou que estas regiões têm “um número de pessoas limitado para o potencial”.
“Estamos a falar de regiões desertificadas por natureza. Temos condições de excelência, características próximas entre as três [regiões], quer cultural, alimentar ou de turismo de qualidade, mas com um número de pessoas limitado para o nosso potencial”, atirou.
Paulo Moreira assinalou ainda uma “barreira entre o litoral e o interior” do país para as estratégias de desenvolvimento a nível empresarial e apontou a importância da ligação a Espanha.
O CEO do Novo Banco, António Ramalho, referiu que o pós-pandemia pode criar “uma nova oportunidade” com Espanha para estas regiões devido a “um enquadramento diferente”.
“Sentimos neste momento que a redução das cadeias de valor nos trará uma maior proximidade a um mercado ibérico, pela proximidade territorial que estava quase condenada a um segundo plano e pode ser uma luz ao fundo do túnel”, adiantou.
António Ramalho apontou ainda o potencial de crescimento no mercado externo ao nível do turismo, destacando que este estava em crescimento antes da pandemia, mas dependia ainda muito dos turistas nacionais.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.682.032 mortos no mundo, resultantes de mais de 121,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.722 pessoas dos 815.570 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
Fonte: Mundo Lusíada