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Cultura

No Bonfim, há um atelier que ensina a pintar os azulejos das fachadas do Porto

À volta de uma mesa comprida, cheia de tintas de várias cores e pincéis de muitos tamanhos, sentam-se oito pessoas – quase todos são estrangeiros, só um é português – ansiosos por aprender sobre os azulejos do Porto e os seus padrões. Nos workshops do Gazete Azulejos, aberto há poucos meses na Rua Comandante Rodolfo de Araújo, no Bonfim, a designer espanhola Alba Plaza e a produtora cultural Marisa Ferreira querem “promover esta arte”, que começou a revestir e decorar as fachadas dos edifícios do Porto nos meados do século XIX. Mas não só. O atelier é também uma forma de financiarem o arquivo digital Os Azulejos do Porto, que já tem 250 padrões catalogados e fotografados, com a respetiva localização das ruas onde se encontram. São alguns desses padrões que Alba e Marisa ensinam a pintar nos seus workshops (€25/material e azulejo incluídos), com a duração de duas horas, tanto para adultos como para crianças.

Uma explicação teórica sobre a história do azulejo em Portugal dá início ao workshop – onde se fica a saber, por exemplo, terem chegado a existir 19/20 fábricas de cerâmica no Porto, todas elas abandonadas entretanto, como o demonstram as fotos expostas na parede – lá estão as de Massarelos, Devezas, Miragaia, Carvalhinho e Santo António do Vale de Piedade. Marisa e Alba explicam as técnicas utilizadas – desde a época em que os padrões eram feitos através de uma placa de zinco ou o uso de papel encerado, até à estampilha, a mais habitual e a que se aprende aqui no atelier. “Cada stencil corresponde um determinado desenho, ao qual é aplicado uma determinada cor”, explicam.

As cores têm pigmentos preparados para resistir às altas temperaturas já que, depois de pintada, a placa de cerâmica precisa de ir ao forno a 1 030 graus de temperatura. A cada participante é entregue um padrão (com a indicação do nome da rua e respetiva morada onde se encontra o azulejo), mas as cores podem ser personalizadas ao gosto de cada um. “Em Lisboa, os azulejos têm mais cor, no Porto temos mais castanhos, pretos e azul cobalto”, nota Marisa.

“Misturem muito bem a cor, tirem o excesso de água do pincel e pintem devagarinho”, aconselham aos participantes. Pintado o azulejo, este necessita de ir ao forno durante um a dois dias, só depois pode ser levado para casa.

“São os estrangeiros que mais aparecem e ficam deslumbrados”, conta Alba, lamentando que os portugueses ainda não olhem para esta arte com outros olhos.

Acredita-se que existam mil padrões diferentes pelas ruas do Porto. Alba Plaza e Marisa Ferreira sonham vir a criar um museu do azulejo da cidade para, juntamente com o arquivo digital, se perpetuar uma parte da nossa história. “Com o boom da reabilitação dos edifícios, temos vistos muitos a serem destruídos”, lamentam.

O estampilho (stencil) é a técnica mais usada

O estampilho (stencil) é a técnica mais usada (fotos Lucilia Monteiro)

 

Gazete Azulejos > R. Comandante Rodolfo de Araújo, 162, 2º, Porto > T. 91 289 1581 > €25 (máximo oito pessoas) > Inscrições em https://gazeteazulejos.com/

 

Fonte: Visão

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