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Cultura

A Aldeia da Praia é muito mais do que glamping

A caminho da Praia das Maçãs, em Sintra, a antiga Colónia de Férias da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses é agora um parque de campismo, onde apetece estar mesmo sem tenda

Nos últimos quatro meses são várias as pessoas que têm passado pela Aldeia da Praia, em Sintra, e recordam momentos da sua infância, quando ali passavam o verão na Colónia de Férias da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, desativada há 14 anos. Com a receção no lugar do escritório da direção da colónia, era dali que pelo altifalante chamavam as crianças para falarem ao telefone. Já o atual supermercado com esplanada (da Mercearia D’Assafora) ocupa a zona do antigo refeitório, contíguo à capela, onde ainda permanece o altar. Naturalmente, os balneários mantêm a função, preservando também os materiais do projeto edificado entre 1942-43, símbolo da arquitetura nacional modernista do Estado Novo, assinado por Cottinelli Telmo. E se pela enfermaria passavam meninos e meninas com joelhos esfolados, agora o Poente Lounge serve cocktails de autor, ao som de música ao vivo às sextas-feiras e domingos, num terraço invejável. Mas há mais neste pequeno mundo à beira da estrada, em direção à Praia das Maçãs. No próximo ano, e as obras já estão a começar, a casa do guarda dará lugar a uma nova cafetaria e os oito pavilhões-dormitórios serão transformados em 40 quartos duplos. Para já, há espaço para montar 40 tendas, mais nove tipi com muito charme e todas as comodidades.

Luísa Basch, a proprietária alemã, já ouviu variadas histórias e todas reforçam o espírito especial de tranquilidade da Aldeia da Praia, na zona florestal do pinhal do Banzão, onde é possível ouvir a força do mar agitado do Atlântico. Há 15 anos em Portugal, a experiência hoteleira já Luísa e o marido a têm com o Oasis Lisboa, hostel em Santa Catarina.

Quem passa na estrada, na Avenida do Atlântico, repara de imediato no antigo depósito de água. Em seu redor foi criada uma zona de esplanada, com mesas e bancos corridos, partilhada por três negócios que fazem a apologia dos produtos locais. A Cervejaria Hops & Drops, instalada mesmo no interior do depósito de água, é um taproom com oito torneiras só de cerveja artesanal portuguesa, incluindo a Seteais – Mag8, produzida em Sintra, por Sérgio Pardal. Filho da terra, Pedro Santos lembra-se de ser miúdo e andar por aqueles terrenos a brincar com as crianças da colónia. Hoje, sente um orgulho imenso de ali ter aberto o Invino.pt, wine bar, garrafeira, loja gourmet e galeria de arte para peças portuguesas. Para beber, o dono do restaurante O Crôa, na Praia Grande, aposta em “vinhos perdidos” da zona de Colares. Aos copos (a começar nos €3) juntam-se as tábuas de queijos (€6,50) e de enchidos (€15), entre outros petiscos simples. Entretanto, vai preparar o interior da casa para o tempo frio, que tarda em chegar, para comermos um caldo verde com vista para a serra.

Estacionada, a carripana da Souldough, dos irmãos italianos Jasbhagat e Enrico e do estónio Tanpreet, está equipada com um forno a lenha tradicional, de onde saem típicas pizzas napolitanas, fininhas no centro, com o rebordo alto e oco. De Nápoles veio o pizzaiolo Vincenzo Onnembo explicar novas técnicas. O nome Souldough é uma mistura das palavras “soul” (alma) com “sourdough” (massa-mãe). Todas vegetarianas, nada de carne, peixe, marisco ou ovos, as pizzas são feitas com massa-mãe com 36 horas de fermentação. É neste “triângulo das Bermudas”, como lhe chama Pedro Santos, que os finais de tarde das quintas-feiras e sábados, com música ao vivo a partir das 19 e 30, transformam-se em verdadeiras festas multiculturais.

Aldeia da Praia > Av. do Atlântico, Praia das Maçãs, Sintra > T. 21 805 8356 > tenda própria a partir €10, tenda tipi a partir €59, 
com casa de banho a partir €79

 

Foto: Marcos Borga

Fonte: Visão

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