fbpx
Economia

Portugal investiu 44 milhões de euros em startups em 2016

O valor representa uma subida de 50% em relação ao ano anterior.
Ainda assim é dos investimentos mais baixos da Europa.
Há cerca de um ano, Gonçalo Fortes, CEO da Prodsmart, uma empresa tecnológica que ajuda a otimizar processos industriais, subiu ao palco da Culturgest, em Lisboa, para receber o primeiro prémio do Caixa Empreender Award. A sua startup tinha vencido a iniciativa e, com isso, ia ter direito a um financiamento de 100 mil euros da Caixa Capital, a sociedade de capitais de risco do banco do Estado. A Prodsmart foi uma das empresas que em 2016 angariou investimento de capitais portugueses, mas não foi a única. Em Portugal foram investidos 44 milhões de euros em startups, através de fundos de capitais de risco. Os números são avançados por um estudo ao qual o Dinheiro Vivo teve acesso, produzido pela publicação tecnológica Tech.eu e a base de dados europeia Dealroom.
No total, o investimento foi feito através de 27 negócios: prémios, rondas ou negociações. Em termos de valores investidos, representa uma subida de mais de 50% em relação a 2015, quando se investiu 29 milhões de euros. O maior salto aconteceu de 2014 para 2015, quando se registou um crescimento de quase 100%, mostrando um despertar do país para a necessidade de dinamização do empreendedorismo, através da injeção de capitais em projetos com potencial.
Ainda assim, no que toca a investimentos, Portugal ainda está no fundo da tabela. Dos países analisados pelo relatório, só a Turquia ficou abaixo, com 32 milhões de euros investidos em 2016. À frente dos portugueses, estão a Polónia, a Áustria, a Dinamarca, a Noruega, a Itália, a Bélgica, a Rússia, a Finlândia, a Irlanda, a Holanda, a Espanha e a Suiça. Os cinco gigantes que comandam a tabela são, em primeiro lugar, o Reino Unido, seguido de França e Israel, e depois a Alemanha e a Suécia.
A fraca capacidade dos capitais portugueses para investir em startups tem sido uma das maiores queixas dos empreendedores, que muitas vezes acabam por preferir ir financiar-se no estrangeiro. Uma realidade reconhecida pelo Governo que, para dinamizar o setor, anunciou, no final do ano passado, o Programa 200M, um fundo de investimento de 200 milhões de euros, com capitais do programa Portugal 2020, através do qual o Estado co-investe em startups com investidores privados, com uma participação de até 50%. “Resolver questões de financiamento é crucial”, afirmou o primeiro-ministro António Costa, acrescentando que “muitas startups só encontram financiamento lá fora”.
O Programa 200M deverá arrancar nas próximas semanas e poderá servir para igualar potenciar o papel de Portugal junto dos outros países europeus. A Europa tem estado cada vez mais forte em relação a investimentos em startups, tendo chegado em 2016 ao valor recorde de 16,2 mil milhões de euros, uma subida de 12% em relação a 2015. Quanto ao número de negócios, foram feitos 3420, mais 32% que no ano anterior. Em comparação, nos Estados Unidos, onde os valores anuais são muito superiores (75 mil milhões de euros em 2016) o investimento diminuiu 10%. Contudo, na Europa, algumas tendências têm estado a mudar, no que diz respeito a financiamentos de startups por capitais de risco. O investimento abrandou nos dois países bandeira da Europa: Reino Unido e Alemanha. Os valores britânicos caíram 16%, para 3,2 mil milhões de euros. Já os alemães caíram 30%, para 2,08 mil milhões de euros.
Por outro lado, França, Israel e Suécia aumentaram o valor dos seus investimentos. Os franceses em particular tiveram um crescimento impressionante, de 76%, para 2,7 mil milhões, igualando Israel em valor de investimentos. As cinco rondas de investimento mais valiosas foram protagonizadas pela plataforma musical sueca Spotify (909 milhões), a Global Fashion Group (330 milhões), de moda online, o supermercado eletrónico Jumia (300 milhões), a aplicação de taxis Gett (273 milhões) e a startup de take away Deliveroo lado a lado com a OVH, de serviços informáticos (ambas com 250 milhões).
O relatório aponta ainda as Fintech (startups financeiras) como as empresas preferidas pelos investidores. Não só foi o setor que arrecadou mais dinheiro (2 mil milhões de euros), como o responsável por mais negócios (409). Quanto aos principais investidores europeus de 2016, a Tech.eu e a Dealroom indicam que são a BPI France, a High-Tech Gründerfonds, a Index Ventures, a Kima Ventures e a Global Founders Capital.
Fonte: Dinheiro Vivo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *