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Portugal é o oitavo país da UE que mais recorre a energias renováveis

No topo da lista dos países que mais recorrem a fontes de energia renováveis estão Suécia, Finlândia, Letónia, Áustria, Dinamarca, Croácia, Estónia e Portugal.

Fontes renováveis de energia são recursos naturais, capazes de se regenerarem num curto espaço de tempo e de um modo sustentável. O calor da Terra (Geotermia), biomassa, o movimento das marés e das ondas, o vento, o sol e a água são exemplos de fontes renováveis de energia.
Estas fontes evitam que se importem combustíveis fósseis, como o carvão e o gás natural para gerar eletricidade, evitam a emissão de gases com efeito de estufa e reduzem o preço da energia elétrica no mercado de eletricidade, contribuindo para uma maior sustentabilidade económica e ambiental do país.
Os dados do gabinete oficial de estatísticas da União Europeia – Eurostat mostram que em 2015 a parte de energia proveniente de fontes renováveis no consumo final bruto de energia atingiu 16,7% na UE, sensivelmente o dobro do valor que se verificava em 2004 (8,5%), primeiro ano para o qual há dados disponíveis, mas ainda aquém do objetivo traçado para o conjunto da União até 2020, de 20%.
No topo da lista dos países que mais recorrem a fontes de energia renováveis encontra-se, de forma destacada, a Suécia, com 53,9%, seguida de Finlândia (39,3%), Letónia (37,6%), Áustria (33%), Dinamarca (30,8%), Croácia (29%), Estónia (28,6%) e Portugal (28%).
No lado oposto, os países cujo consumo de energia menos depende de fontes de energia renováveis são Luxemburgo e Malta (em ambos os casos 5%), Holanda (5,8%) e Bélgica (7,9%).
Cada Estado-membro tem o seu próprio objetivo nacional “Europa2020”, e 11 países já atingiram a meta que haviam traçado para 2020, mas curiosamente Portugal não faz parte desse grupo, pois estabeleceu uma das metas mais ambiciosas, de 31%.
Em 2004, a quota de energias renováveis no quadro energético português era já de 19,2% e foi subindo progressivamente.
No mês passado, o Governo anunciou que vão arrancar novos projetos em energias renováveis com uma capacidade instalada de cerca de 750 megawatts e um investimento potencial superior a 800 milhões de euros.
Segundo o Ministério da Economia, “a par dos 380 megawatts de licenças para centrais solares, sem tarifas subsidiadas pelos consumidores e com cauções já entregues pelos promotores, o Governo aprovou 41 megawatts relativos a três centrais de biomassa”.
A este conjunto de investimento junta-se “o projeto de energias das ondas Windfloat, que representa um investimento de cerca de 125 milhões de euros, a realizar nos próximos anos e cuja ligação a terra será feita sem onerar os consumidores (ao contrário do programado), adiantou o gabinete do secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches.

 

2016: ano de recordes
A ZERO–Associação Sistema Terrestre Sustentável e a APREN – Associação Portuguesa de Energias Renováveis, consideram que o investimento em fontes de energia renovável é uma aposta segura como fonte principal de abastecimento de eletricidade do país.
Esta aposta contribui para a sua independência energética e económica, e é fundamental para os objetivos do Acordo de Paris, que passam por limitar o aumento da temperatura a 1,5 oC.
Em 2016, a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis em Portugal Continental representou 64% do consumo de eletricidade. Um valor que podia ser ainda superior, não fosse este outono ter sido caracterizado por temperaturas ligeiramente acima da média e uma produtibilidade de energia elétrica a partir dos recursos hídricos inferior à média.
Este foi um ano de recordes, onde sobressaem os seguintes registos:
– Em maio, Portugal teve o consumo de eletricidade garantido apenas por fontes renováveis durante 107 horas consecutivas.
– Registou-se um conjunto de 1130 horas, correspondendo a mais de um mês e meio, em que a produção renovável foi suficiente para abastecer o consumo elétrico nacional.
– A produção de eletricidade por fontes renováveis em Portugal Continental contribuiu fortemente para um saldo exportador recorde entre Portugal e Espanha, isto é, um balanço entre exportação e importação de mais de 5 TWh*, 10% do consumo nacional, a um preço médio de exportação de 39,7 €/MWh (Valor referente ao ano de 2016, até novembro, de acordo com a REN)
A hídrica foi a tecnologia renovável que mais gerou, num total de 16,6 TWh, seguida da eólica (12,2TWh), da bioenergia (2,7 TWh) e da solar fotovoltaica (0,8 TWh), cuja percentagem ainda é muito reduzida e requer uma forte promoção. Os valores da produção hidroelétrica e da produção elétrica de origem eólica são superiores aos verificados no período homólogo do ano passado, devido em parte ao aumento da potência eólica e hídrica instalada a nível nacional, mas também por uma disponibilidade destes recursos renováveis acima da média.
Francisco Ferreira, Presidente da Direcção ZERO, considera que:
“Deixar de apostar nas energias renováveis é um erro que não podemos deixar que aconteça, para além de manter também a aposta na eficiência energética. A aposta nestes setores permitirá retirar inúmeras pessoas da pobreza energética, contribuirá para criar mais empregos e para a melhoria da saúde das populações, reduzindo o nosso impacte no ambiente. Para tal é preciso que as instâncias europeias e nacionais deem um sinal claro nas suas políticas de aposta nestes setores e num compromisso efetivo com a questão das alterações climáticas”.
Por seu lado, António Sá da Costa, Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Energias Renováveis, afirma: “Os benefícios na aposta na eletricidade renovável são elucidativos: só em 2016 induziram um ganho económico por redução do preço de mercado de 900M€ e evitaram a importação de 890M€ de combustíveis fósseis, o que ultrapassa largamente o facto de ainda receberem uma tarifa bonificada.
Para além disso, o cluster científico, tecnológico e industrial deste setor está cada vez mais fortalecido, sendo responsável por um volume de exportação de mais de 400M€”.

 

Energia elétrica através do carvão
A continuação dos baixos preços do carvão e das licenças de emissão de dióxido de carbono emitido permitiu que as centrais térmicas a carvão (Sines e Pego) tivessem preços competitivos no mercado ibérico em relação a outras fontes de produção de eletricidade não renovável e conseguissem assim assegurar uma fração importante do consumo.
Assim, registou-se um ligeiro acréscimo de produção por este tipo de centrais em relação ao ano
de 2015, na ordem dos 0,8 %.
Em 2016, a produção elétrica de origem fóssil representou 34,1% da produção. Espera-se que, e na sequência das declarações do Ministro do Ambiente no passado dia 29 de novembro, o processo para deixar de utilizar carvão como fonte de energia primária para produção de eletricidade seja uma prioridade política devidamente avaliada e ponderada no contexto de Portugal e da Península ibérica.
Se assim for, bem antes de 2030 podemos vir a ter uma maior produção de eletricidade renovável, não se recorrendo ao carvão.

 

Redução do custo da eletricidade
O mix de produção elétrica verificado este ano permitiu situar o preço da eletricidade no mercado spot do MIBEL nos 39,4€/MWh. Este valor é bastante inferior ao verificado no período homólogo de 2015, de 50, 4€/MWh, quando a representatividade das renováveis no consumo foi de apenas 48% (ano particularmente seco).

 

Redução de emissões CO2
As emissões associadas à produção de energia elétrica somaram 13,9 milhões de toneladas de CO2 em 2016 – cerca de 22% do total de emissões de gases com efeito de estufa de Portugal.
Sem eletricidade renovável em Portugal e partindo do princípio que seria possível assegurar o consumo recorrendo somente à utilização de toda a capacidade instalada das centrais a carvão e a centrais de ciclo combinado a gás natural, as emissões atingiriam 25,7 milhões de toneladas de CO2. Este valor corresponderia ao dobro do atual, cerca de 40% do total de emissões de gases com efeito de estufa de Portugal.

 

Evolução favorável
Em 2016 verificou-se um ligeiro aumento do consumo, na ordem dos 0,7% em relação a 2015.
A intensidade energética (na eletricidade), que resulta da quantidade de energia elétrica necessária por unidade de Produto Interno Bruto gerada, está assim a evoluir favoravelmente, dado que se estima para 2016 um crescimento do PIB na ordem dos 1,6% mais elevado que o aumento do consumo verificado.

 

O papel das florestas
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas destacou o papel central das florestas no abastecimento energético das sociedades atuais e futuras, salientando que a biomassa florestal é uma das principais fontes de energia utilizadas em Portugal.
Numa mensagem a propósito das comemorações do Dia Internacional das Florestas, que em Portugal celebra-se a 21 de março desde 1970, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) lembra que a floresta é responsável pela produção de 49% da energia renovável, tanto quanto as fontes solar, eólica e hídrica juntas.
O Instituto realça também que quase 900 milhões de pessoas trabalham no setor do aproveitamento da biomassa florestal para produção de energia, sobretudo nos países em vias de desenvolvimento.
“Nos países desenvolvidos, a produção de biomassa florestal para energia é um dos principais fatores de valorização dos recursos florestais, promovendo o desenvolvimento rural em regiões desfavorecidas. Mesmo nas zonas urbanas, as árvores e florestas desempenham igualmente um papel relevante na poupança de energia, atenuando os fenómenos climáticos extremos e aumentando o conforto térmico dos edifícios e dos espaços públicos”, é referido.
De acordo com o ICNF, também em Portugal a energia constitui uma das maiores riquezas obtidas a partir das florestas.
“A biomassa florestal é uma das principais fontes de energia utilizadas em Portugal e é, de entre as fontes de energia renovável, a mais facilmente utilizável em qualquer período do ano”, é destacado na mensagem.
O ICNF lembra, citando dados da Direção-Geral de Energia e Geologia, que em Portugal cerca de 54% da produção de energia renovável provém da biomassa, a qual corresponde a 13% do total de consumo de energia final do país.
“São também muito relevantes as lenhas e o carvão vegetal para consumo industrial e doméstico, ascendendo a produção de carvão a uma média de 16,8 mil toneladas anuais na última década”, é sublinhado.
Segundo o ICNF, “a produção de biomassa florestal para energia e a sua integração num modelo que permita a máxima valorização dos recursos florestais é um dos aspetos centrais da política florestal portuguesa, estando traduzida nos principais documentos de política florestal”.

 

Governo anuncia novos projetos
O Governo avançou que vão arrancar novos projetos em energias renováveis com uma capacidade instalada de cerca de 750 megawatts e um investimento potencial superior a 800 milhões de euros.
Segundo o Ministério da Economia, “a par dos 380 megawatts de licenças para centrais solares, sem tarifas subsidiadas pelos consumidores e com cauções já entregues pelos promotores, o Governo aprovou 41 megawatts relativos a três centrais de biomassa”.
A este conjunto de investimento junta-se “o projeto de energias das ondas Windfloat que representa um investimento de cerca de 125 milhões de euros, a realizar nos próximos anos e cuja ligação a terra será feita sem onerar os consumidores (ao contrário do programado), adianta o gabinete do secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches.
O executivo adianta que a EDP Renováveis anunciou, no quadro de um acordo com o fabricante de aerogeradores Senvion, a instalação de mais 216 megawatts em parques eólicos.Indica ainda que, “no âmbito do grupo de trabalho criado pelo Governo para fazer a reforma da floresta, serão brevemente lançados cerca de 60 megawatts de licenças, destinadas a centrais de biomassa”.
Portugal teve, em 2015, uma quota de 27% de energias renováveis no mix energético nacional, a sétima maior da União Europeia que, no seu conjunto, chegou aos 16,4%, divulgou, já este mês, a Comissão Europeia.
A União da Energia confirma assim um aumento constante na quota de energia proveniente de fontes renováveis desde 2013 (25,7% do consumo final bruto de energia), ano em que estava já ultrapassada a meta de pelo menos 20% até 2020. “Com exceção de autorizações resultantes de pedidos anteriores, a nova orientação política do Governo passa pela autorização de centrais sem tarifas ‘feed-in’ (ou seja sem subsídios pagos pelos consumidores)”, de acordo com o Ministério da Economia.
O gabinete de Jorge Seguro Sanches recorda que “a subsidiação da atual potência instalada custa aos consumidores portugueses um sobrecusto de cerca de 600 milhões de euros por ano, responsável, em boa parte, pela divida tarifária que, no início de funções deste Governo era de cerca de 5 mil milhões de euros”.

Fonte: O mundo português

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