fbpx
Cultura

Guimarães: o berço da Nacionalidade voltado para o futuro

Guimarães é uma cidade secular, que começou a surgir no século X. Onze séculos depois, soube manter o seu património e cultura seculares a par de uma modernização que a transformou numa cidade tecnologicamente avançada e num dinâmico polo de cultural e universitário.

Na primeira metade do século X, a área que abrange a atual cidade de Guimarães era uma propriedade rural chamada Quintana de Vimaranes.
Foi nesta altura que a Condessa Mumadona Dias, viúva de Hermenegildo Mendes mandou construir o Mosteiro de Santa Maria, que se tornou num pólo de atracção e deu origem à fixação de um grupo populacional.

Para defender o mosteiro dos frequentes ataques dos normandos vindos do norte da Europa e dos muçulmanos vindos das terras quentes do sul, e proteger a localidade que começava a surgir, Mumadona construiu um castelo a pouca distância, na colina, criando assim um segundo ponto de fixação. A ligar os dois núcleos formou-se a Rua de Santa Maria.

Passaram os anos, o burgo cresceu e, no final do século XI, foram para ali residir D. Teresa, filha do rei D. Afonso VI de Leão, e seu marido, o Conde D. Henrique, nobre de origem francesa.
Segundo a tradição, ali nasceu o filho primogénito de ambos, Afonso Henriques, que alguns anos depois, na primeira metade do século XII, se tornaria o primeiro rei de Portugal.

Foi em Guimarães que ocorreu a famosa Batalha de S. Mamede que opôs D. Afonso Henriques à sua mãe, D. Teresa, e que foi um dos factos históricos que leva à independência de Portugal. D. Afonso Henriques faleceu no ano de 1185, com a idade de 76 anos, o que faz dele o rei português com o reinado mais longo.

A vila foi-se expandindo e organizando, sendo então rodeada por uma muralha defensiva. Entretanto as ordens mendicantes instalam-se em Guimarães e ajudam a moldar a fisionomia da cidade. Após o século XV a cidade intramuros já pouco mudou. Foram construídos alguns palácios, conventos e algumas igrejas e surgiu o Largo da Misericórdia (atual Largo João Franco) em finais do século XVII e inícios do XVIII.

Mas, no mais, a sua estrutura não sofreu grande transformação, até ao final do século XIX, com as novas ideias urbanísticas de higiene e simetria. A vila foi elevada a cidade em 1853 pela Rainha D. Maria II, e sofreu, então, a sua maior mudança.

Abriram-se ruas e grandes avenidas e posteriormente a fez-se a parquização da Colina da Fundação e a abertura da Alameda. No entanto, foi uma nova urbanização controlada, que respeitou e permitiu que se mantivesse intacto e magnífico centro histórico de Guimarães.

Guimarães

Património da Humanidade

Considerada como o berço da nacionalidade, por ali ter nascido D. Afonso Henriques (segundo a tradição histórica) e ter sido travada a batalha que ditou a independência do Condado, Guimarães mantém o seu património exemplarmente recuperado e cuidado, a par de uma dinâmica cultural invejável. A cuidada recuperação e regeneração patrimonial realizada levou a UNESCO a reconhecer o Centro Histórico de Guimarães como ‘Património Cultural da Humanidade, em 2001.

A valorização da cultura tem sido um fator de desenvolvimento, por fomentar a criação de uma rede de espaços culturais que tornaram Guimarães uma referência na área da artes e espetáculos a nível nacional e internacional, com a cidade a ser Capital Europeia da Cultura em 2012 e Cidade Europeia do Desporto em 2013.

Por falar em desporto, em Guimarães o futebol é uma componente fundamental. O Vitória de Guimarães é o clube símbolo da cidade e um histórico do futebol português, há 50 anos consecutivos na primeira linha da Superliga Portuguesa.

Guimarães é palco de festas populares, com a maioria a cacontecer no verão, em praticamente todas as suas freguesias. São disso exemplo o S. Pedro de Caldas das Taipas, a Romaria Grande de S. Torcato, o S. Jorge e o S. Brás em Pevidém, as Cruzes de Serzedelo, o S. Tiago em Ronfe, o S. João em Polvoreira.
Mas as festas maiores são as Gualterianas, as Festas da Cidade e decorrem no primeiro fim-de-semana de Agosto. As Nicolinas são as Festas dos estudantes do ensino secundário, mas há muito envolvem toda a cidade, ano após ano, entre 29 de Novembro e 7 de Dezembro.

Um concelho têxtil

Na gastronomia, os principais pratos revelam receitas tradicionais da cozinha minhota e não são muito diferentes dos que se podem encontrar noutras cidades do Minho: arroz de frango de ‘pica no chão’, rojões e bucho recheado, papas de sarrabulho e arroz do mesmo, bacalhau assado ou recheado.
A acompanhar, invariavelmente, o vinho verde da região. A doçaria tradicional vimaranense é composta por doces conventuais, como o toucinho-do-céu e as tortas de Guimarães.

Em termos económicos, a actividade económica dominante é a industria têxtil, setor onde estão representadas 70% das empresas. A indústria metalúrgica também tem destaque, assim como as cutelarias, cujas marcas portuguesas mais conceituadas do sector estão sedeadas no concelho.
A indústria de curtumes que foi a actividade pioneira, no século XIX, mantém-se viva, ainda, em algumas empresas. E na última década, o sector terciário registou um forte desenvolvimento.

“Foram criados muitos gabinetes de consultoria de apoio às empresas, alargou-se a actividade bancária, cresceu a rede escolar, desenvolveu-se muito o turismo. Embora a maioria dos serviços públicos continue a concentrar-se na sede do distrito (Braga), foi alterada a situação de peso residual do sector terciário na actividade económica local”, informa a autarquia no site da câmara na internet.

De lembrar ainda que Guimarães é também uma cidade universitária. A Universidade do Minho (UMinho) tem ali uma ampla implantação, comdois dos seus três campi: Azurém e Couros. É em Guimarães que estão as Escolas de Arquitetura e de Engenharia, parte da Escola de Ciências e o curso de Geografia do Instituto de Ciências Sociais, importantes Unidades Orgânicas de Ensino e Investigação da UMinho.

No centro da cidade, está a estabelecer-se o campus de Couros, onde já decorrem o curso de Teatro, o curso de Design de Produto, no Instituto de Design, e o Centro Avançado de Formação Pós-Graduada, ambos instalados em antigas fábricas de curtumes. O campus de Azurém acolhe ainda algumas unidades participadas pela UMinho, nomeadamente o Centro de Valorização de Resíduos (CVR), o Centro de Computação Gráfica (CCG) e o Polo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP).
Nas Caldas das Taipas, está instalado o AvePark – Parque de Ciência e Tecnologia onde se sediou a SpinPark – Incubadora de Base Tecnológica, que promove e apoia atividades de tecnologia avançada e intensivas de conhecimento, bem como o laboratório associado de investigação 3B’s.

Guimarães

Não deixe de visitar…

Centro Histórico de Guimarães: É Património Mundial desde 2001. Constitui um vestígio único de um tipo particular de concepção de cidade, devido ao seu tecido urbano medieval, que conforma uma sucessão de praças e um tipo particular de construção integralmente erguido com as técnicas construtivas tradicionais, e designados por taipa de rodízio e taipa de fasquio.

Castelo: Os ataques de mouros e normandos levaram a Condessa Mumadona a construir uma fortaleza para defesa dos monges e da comunidade cristã. No século XII, com a formação do Condado Portucalense, foram viver para Guimarães o Conde D.Henrique e D.Teresa que mandam ampliá-lo e torná-lo mais forte.
Diariamente das 10h às 18h (última entrada 17h30). Entrada normal, 2€ / maiores de 65 anos, 1€ (entrada gratúita até os 12 anos). Bilhete Conjunto: Paço dos Duques/Castelo de Guimarães, 6€; Paço dos Duques/Castelo de Guimarães/Museu de Alberto Sampaio, 8€

Paço dos Duques de Bragança: Majestosa casa senhorial do século XV mandada edificar por D. Afonso, futuro Duque de Bragança. A ornamentar o mobiliário há uma grande colecção de porcelanas da Companhia das Índias, e faianças portuguesas das principais fábricas da época. Numa das salas há algumas das armas que foram reunidas pelo segundo Visconde de Pindela, e mais tarde adquiridas pelo estado português, cuja colecção compreende vários exemplares de armas brancas, de fogo e elementos de armaduras dos séculos XV a XIX.
Diariamente das 10h às 18 (última entrada 17h30). Entrada normal, 5€ / maiores de 65 anos, 2,50€. Entrada gratúita até os 12 anos e ainda aos domingos e feriados até às 14h para todos os cidadãos residentes em território nacional.

Parque da Penha: No Monte da Penha, a cerca de sete quilómetros da cidade. O Parque da Penha ergue-se acima dos 500 metros e integra a Reserva Ecológica Nacional, constituindo uma grande área verde da cidade de Guimarães. Está localizado geograficamente a sudeste da cidade de Guimarães e possui uma área natural, com cerca de 50 hectares com uma flora e fauna muito diversificadas, grutas, ermidas, miradouros e percursos pedestres.

 

Fonte: Mundo Português

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *