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“Comidos de cebolada”. Lisboa apanhada de surpresa com mudança da Web Summit para o Brasil

O co-fundador e CEO da Web Summit, Paddy Cosgrave, anunciou que, em 2023, a cimeira tecnológica vai dividir-se entre Lisboa e o Rio de Janeiro. Uma notícia que “causou desconforto” em Portugal e há quem diga mesmo que “fomos comidos de cebolada” depois do investimento público de milhões no evento.

Paddy Cosgrave anunciou com satisfação que a Web Summit vai transitar para o Rio de Janeiro em 2023, confessando o “entusiasmo” e o facto de ser “apaixonado” pela cidade brasileira.

Será a primeira vez que a cimeira tecnológica decorrerá fora da Europadesde que se iniciou, em 2009. Contudo, vai manter-se também em Lisboa, numa edição dividida entre Portugal e o Brasil.

Cosgrave já tinha dado sinais de que queria levar a Web Summit para outros continentes e dá, agora, um passo decisivo nesse sentido, rumando ao Brasil.

A notícia está a causar algum espanto em Lisboa, onde foi recebida com “mal-estar”, de acordo com o Expresso.

O semanário refere que a “Câmara de Lisboa foi informada pouco antes do anúnciooficial” feito por Cosgrave durante uma vídeo-conferência.

O evento traz a Portugal milhares de pessoas, muitas delas vindas precisamente do Brasil. A deslocação de parte do evento para o Rio de Janeiro vai retirar essas pessoas de Lisboa, o que implica perder milhares de euros.

A conferência está garantida em Portugal até 2028 no âmbito do contrato assinado entre a Web Summit, a Câmara de Lisboa e o Estado português, incluindo uma cláusula de rescisão de 340 milhões de euros por cada ano em que falhasse a realização na capital portuguesa.

O evento recebe 11 milhões de euros por ano do Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa e do Governo, através do Ministério da Economia, para se manter em Lisboa.

À luz destes números, face ao volume alto do investimento público, há muito quem critique este desdobramento da cimeira entre Lisboa e o Rio de Janeiro.

“Andamos há anos a pagar milhões para ter o exclusivo da Web Summit e o irlandês espertalhão que montou a feira por aqui anuncia uma Web Summit no Brasil, mas “garante que Lisboa será sempre a nossa casa”. Naturalmente, já enganou os trouxas”, escreve o consultor de comunicação Rui Calafate no Twitter.

O arquitecto e investigador Pedro Bragança repara ainda que “durante a pandemia, o Estado continuou a subsidiar a Web Summit, mesmo sem a sua realização em Lisboa”. “Cosgrave ‘retribuiu’ agora com o anúncio da Web Summit no Rio de Janeiro. Uma lição épica para os parolos e deslumbrados do país dos grandes eventos”, critica também no Twitter.

Já a directora da revista Visão Mafalda Anjos considera que “fomos comidos de cebolada pelo rapaz Paddy“.

O fundador da Web Summit já disse que“Portugal não precisa de se preocupar”, mas admitiu também que tem mantido “constantes conversações com países em diversas partes do mundo que estão a participar na Web Summit em cada vez maior número”. Assim, Cosgrave deixa antever que expandirá o evento para outras latitudes nos próximos anos.

De resto, o fundador da Web Summit tem organizado várias conferências tecnológicas pelo mundo, com outros nomes, que vêm retirando importância e pessoas da Web Summit.

“Orgulho” no Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, em contraste com Lisboa, o anúncio de Cosgrave é motivo de celebração.

“Estamos muito orgulhosos por termos sido escolhidos como a primeira cidade da América Latina a realizar um evento dessa magnitude”, considera o autarca do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.

O contrato assinado entre a Web Summit e o Rio de Janeiro é de três anos, a partir de 2023. Mas Eduardo Paes admite que o objectivo é alargar para os “10, 20 anos”.

 

 

 

Fonte: Zap

 

 

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