Visita à Casa Andresen, que inspirou a obra de Sophia, no Porto
A escritora portuense Sophia de Mello Breyner passou parte da sua infância na Quinta do Campo Alegre. E nela se inspirou para alguns dos mais conhecidos contos.
Quando Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu, a 6 de novembro de 1919, aquela que é atualmente conhecida como Casa Andresen era a casa da Quinta do Campo Alegre. Adquirida em 1895 pelo comerciante de vinho do Porto João Henrique Andresen, este transformou-a nessa época ao estilo romântico então em voga.
Foi, então, num ambiente propício à descoberta e à imaginação que a escritora passou parte da infância e juventude, tal como Ruben A., seu primo e também escritor. Na obra de ambos, a quinta e a casa aparecem como inspiração. Exemplo disso são os contos para crianças, de Sophia, “O Rapaz de Bronze” e “A Floresta”.
O Estado tomou posse da quinta em 1949. Dois anos depois, foi transformada em Jardim Botânico, com gestão da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto que também teve a casa à sua disposição, com laboratórios e salas até 2010.
No seu conto “Saga”, que integra o livro “Histórias da Terra e do Mar”, publicado em 1984, Sophia conta a história dos seus antepassados e descreve a casa e a quinta. “Tudo na casa era desmedidamente grande, desde os quartos de dormir onde as crianças andavam de bicicleta até ao enorme átrio para o qual davam todas as salas e no qual se podia armar o esqueleto da baleia que há anos repousava empacotado em numerosos volumes, nas caves da Faculdade de Ciências”. Premonitório ou não, a verdade é que, hoje, nesse átrio que é agora parte da Galeria da Biodiversidade, que ocupa a casa desde 2017, está montado o grandioso esqueleto.
Jardim Botânico
Quando o Estado adquiriu a Quinta do Campo Alegre, em 1949, esta tinha 12 hectares, estendendo-se até ao rio. Dois anos depois foi transformado em Jardim Botânico e nos anos 60 com a construção da Via de Cintura Interna, ficou apenas com 4 hectares. Foi o arquiteto paisagista alemão Franz Koepp que converteu a quinta em jardim, criando em jeito de homenagem a Sophia o Jardim dos Anões, numa alusão ao lugar onde Isabel, personagem principal de “A Floresta”, fantasiava encontrar anões.
Galeria da Biodiversidade
Neste que é o primeiro polo do Museu de História Natural e Ciência da Universidade do Porto, experiências sensoriais e bonitas instalações guiam os visitantes pela diversidade biológica, numa galeria que casa ciência, arte e literatura.
Foto de Capa: Pedro Granadeiro/GI
Fonte: Evasões