Lisboa vista do Tejo na nova exposição de José Manuel Costa Alves
Uma exposição que se vê como um passeio ou, mais do que isso, uma viagem que começa. O dispositivo é simples: alinhadas estão 33 rigorosas fotografias sequenciais de Lisboa vista do Tejo, de Pedrouços até ao rio Trancão (que marca a fronteira com o concelho de Loures). Ao mesmo tempo, claro, vemos as águas do estuário do Tejo, naquele lugar e naquele momento incerto em que passam a fazer parte do oceano Atlântico.
As fotografias foram feitas por José Manuel Costa Alves em novembro de 2016 e já podiam ser vistas no livro Lisboa W-E (editora Caleidoscópio, 2017). Agora chegam à rua, em grande formato (a exposição está montada nos jardins do Palácio Pimenta, ex-Museu da Cidade). Há uma dimensão documental óbvia nesta série, mas é impossível percorrermos, com atenção, este horizonte sem começarmos a viajar no tempo. Este é um presente que carrega poderosos ecos do passado. E cada espectador poderá encontrá- -los, à medida das suas histórias e da História. Por exemplo, a voz de Fausto, em O Barco Vai de Saída, no arranque do seu histórico álbum Por Este Rio Acima: “Vou no espantoso trono das águas/ vou no tremendo assopro dos ventos/ vou por cima dos meus pensamentos/ arrepia/ arrepia/ e arrepia sim senhor/ que vida boa era a de Lisboa…” No supracitado livro, um breve texto à laia de introdução “A Régua” assinado por José Manuel dos Santos leva-nos até outros ecos: “Fotografar Lisboa é esperar sempre o regresso de Ulisses, de que ela é, não a Ítaca, mas a Penélope sem pressa e já sem memória.”
Esta viagem horizontal está carregada, também, de futuro. Ou não fosse essa a metáfora óbvia das águas do Tejo que correm sem parar em direção ao grande Atlântico.
Lisboa W-E > Museu de Lisboa – Palácio Pimenta > Campo Grande, 245, Lisboa > T. 21 751 3200 > até 20 mai, ter-dom 10h-18h
Fonte: Visão