Gigantes tecnológicas secam talentos em Portugal
As empresas em Portugal estão a ter cada vez mais dificuldades para recrutar talento nas áreas tecnológicas.
As grandes companhias mundiais têm feito verdadeiras incursões para recrutar talentos portugueses, complicando a vida para as empresas no país.
A Vision-Box é uma das empresas nacionais que têm sentido problemas quando chega a hora de recrutar talentos para a sua equipa de investigação e desenvolvimento que conta com 60 membros.
A empresa aponta que uma das suas grandes dificuldades é a “escassez de recursos humanos com as competências necessárias para o desenvolvimento das actividades que precisamos de desenvolver”, disse Bento Correia, fundador da empresa de controlo de fronteiras em aeroportos, gestão de identidade e segurança.
“Sendo uma tecnológica e com muito desenvolvimento na área de software e de engenharia informática, concorremos directamente com os facebooks, googles e microsofts que vêm recrutar a Portugal”, apontou o gestor.
Bento Correia destacou que existe um “défice de engenheiros informáticos enorme” e que quem trabalhar em programação tem emprego assegurado “em qualquer sítio do mundo”.
“Temos alguma dificuldade em conseguir garantir o recrutamento das pessoas necessárias para o desenvolvimento da nossa actividade. Até há três, quatro anos recrutávamos essencialmente em Portugal. Hoje em dia já não conseguimos satisfazer as nossas necessidades e estamos a recrutar literalmente em todo o mundo”.
O responsável da Vision-Box sublinhou assim que a dificuldade em recrutar “tem sido de facto um obstáculo ao desenvolvimento” da empresa. “Estamos a falar de tecnologia de ponta e temos que nos manter na crista da onda, à frente da concorrência”.
Já a consultora EY sublinha que uma das conclusões do seu estudo “Portugal no radar da Europa” aponta que umas das preocupações dos investidores em relação ao país é a “escassez de mão-de-obra” nas áreas tecnológicas, conforme destacou Florbela Lima da EY.
“Em Portugal começa-se a ter essa preocupação e começa-se a pensar que todos estes investimentos que estão a vir para Portugal ao nível de “business services” podem vir colocar aqui alguma pressão adicional”, afirmou a consultora.
Florbela Lima defendeu assim que faz sentido o país adaptar o seu sistema de ensino de forma a direccionar mais alunos para estas áreas tecnológicas, de forma a dar resposta a esta forte procura.
Start-ups estão a mexer com Portugal
Na paisagem empresarial portuguesa, as start-ups e as pequenas empresas de base tecnológica começam a ganhar expressão. E isto coloca desafios diferentes nas entidades que trabalham com estas companhias, como é o caso da EY. Segundo Florbela Lima, não é a dimensão destas empresas que impede a EY de trabalhar com a comunidade, até porque há vários serviços de apoio que também fazem sentido nesse ecossistema mais fluido. E é até um desafio profissional interessante, admite, trabalhar com empresas com novos formatos e mentalidades. “É uma das coisas interessantes deste trabalho, que nos exige uma melhoria e uma adaptação constante”, explica a Partner de Transaction Advisory da EY. Portugal tem-se afirmado como uma base interessante para as start-ups tecnológicas, tanto nacionais como estrangeiras, que por cá se têm instalado.
Fonte: André Cabrita-Mendes, Negócios