Chaves: novo Museu das Termas Romanas conta 2000 anos de história
Com entrada gratuita, o novo Museu das Termas Romanas pretende ser “a joia da coroa” do turismo em Chaves. Trata-se do “maior balneário da Península Ibérica”.
As termas romanas de Chaves abrem como museu na terça-feira e contam uma história de 2000 anos que ficou “congelada” no tempo após um sismo e foi descoberta nas escavações para a construção de um parque de estacionamento. “Aqui temos o maior balneário da Península Ibérica e um dos maiores da Europa e do Império Romano”, afirmou à agência Lusa Rui Lopes, arqueólogo corresponsável pela escavação e que acompanhou o projeto. As Termas Medicinais Romanas vão ser, acredita o presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz, a “joia da coroa” e um dos principais polos de atração turística para este território.
Rui Lopes explicou que se trata de um balneário terapêutico, o que o diferencia de outras termas que existem praticamente em todos os sítios romanizados, nomeadamente as termas higiénicas, onde se iria tomar banho. “Estas são terapêuticas, quase uma equivalência a um hospital. Estas termas teriam uma grande importância dentro do império, porque era um espaço onde vinham tratar as maleitas de guerra, doenças de pele ou de estômago”, explicou o arqueólogo.
Foi durante as realizações de prospeções arqueológicas em 2005, no largo do Arrabalde, no centro da cidade, para a construção de um parque de estacionamento que se identificou este “património magnífico preservado no tempo”. Rui Lopes disse que o projeto do parque de estacionamento foi abandonado e feitas escavações arqueológicas que revelaram duas grandes piscinas, mais sete de pequenas dimensões e ainda um complexo sistema hidráulico de abastecimento às estruturas e que ainda hoje funciona.
Um património que estava como que “congelado” no tempo, devido a um sismo que, no século IV, provocou a derrocada do edifício. “O sismo veio selar um período cronológico”, salientou o arqueólogo, que referiu que, aquando das escavações, foram encontrados os restos mortais de uma família que estaria a tomar banho quando ocorreu a derrocada. As termas medicinais romanas foram classificadas como monumento nacional em 2012 por serem o “mais importante complexo termal português”, de dimensões apenas comparáveis, em termos provinciais, às de Bath (Inglaterra).
Depois de um processo “administrativo complexo”, o museu abre na terça-feira, a entrada é gratuita e, lá dentro, faz-se uma viagem por 2000 anos da história deste local, quer através das ruínas, de uma exposição de artefactos, bem como dos painéis explicativos, dos ecrãs e mesa tátil interativa que revelam também os vestígios da muralha seiscentista e as imagens da prospeção e, depois, da escavação que colocou a descoberto o achado arqueológico.
Cidade termal no período romano e cidade termal na atualidade. Com a abertura do museu, Chaves passa a ter uma complementaridade entre o passado e o presente, entre a história e as atuais termas. As legiões romanas chegaram ao território há cerca de dois milénios, fixaram-se e deixaram a ponte de Trajano, a ponte romana ainda usada para atravessar o rio Tâmega no centro da cidade, tiraram proveito das águas minerais, implantaram balneários termais, exploraram filões auríferos e outros recursos.
Este núcleo urbano adquiriu tanta importância, nessa época, que foi elevado à categoria de município, quando no ano 79 dominava Vespasiano, primeiro César da família Flavia. Será esta a origem de Aquae Flaviae, designação antiga da atual cidade de Chaves. Nuno Vaz referiu que o município quer potenciar turisticamente este território, recuperar as “perdas acumuladas em tempos de pandemia” de covid-19, mas dar “um salto ainda maior” aproveitando os “recursos excecionais” ali existentes. Saiba mais aqui.
Foto: Foto: Rui Ferreira/GI
Fonte: Evasões