Café com gosto português duplica exportações em apenas oito anos
O café com gosto português está a conquistar os mercados. As exportações duplicaram, em valor, entre 2008 e o ano passado. O café torrado não descafeinado é o campeão de vendas na Europa, em grande parte graças à mudança dos hábitos de consumo dos últimos anos em todo o mundo: o café de saco perdeu terreno para o expresso, abrindo as portas para Portugal vender as suas “torras lentas e médias e blends [misturas] únicas”, explica Cláudia Pimentel, secretária geral da Associação Industrial e Comercial do Café (AICC).
Só no ano passado, as exportações de café valeram 79 milhões de euros, um aumento de 26% em relação ao ano anterior. As empresas portuguesas venderam nada menos de 14 mil toneladas, um crescimento de 16%. É mais do dobro dos 28,6 milhões de euros exportados em 2008 e quase o dobro das 7,9 toneladas de café vendido no mesmo ano. “Temos ainda potencial para crescer porque há mercados que não consumiam café, como os asiáticos, que estão a aumentar o consumo. Se conquistarmos o mercado asiático, temos muito ainda para crescer”, garante Cláudia Pimentel.
Nada mau para um país que não é produtor de café e que importa toda a matéria-prima de meia dúzia de países: primeiro, o Vietname, a quem comprámos mais de 13 mil toneladas em 2016, seguindo-se o Brasil, com 8000 toneladas, Uganda, Camarões, Índia e até Espanha. No total, a fatura das importações aumentou 3% em 2016, somando mais de 220 milhões de euros.
Para conquistar o mercado externo, a indústria portuguesa do café lançou há um ano a marca Portuguese Coffee. Objetivo: promover o produto nacional nas feiras internacionais e também junto dos turistas que nos visitam. “O que fazemos muito bem é a torra do café: a nossa é lenta e média, ao contrário de outras que se fazem noutros países, mais rápidas e escuras. E somos muito bons nas combinações de blends que os outros não fazem”, explicou a responsável da AICC.
“Com a crise, as marcas portuguesas tiveram de concentrar esforços na exportação”, adianta Cláudia Pimentel. “Os produtos portugueses não eram até há poucos anos associados a qualidade. A mudança no gosto dos consumidores tornou mais fácil o consumo de café expresso e os produtores portugueses começaram a ser apreciados”, acrescentou. “O turismo também tem ajudado a divulgar a nossa bica, porque os turistas provam-na cá e, depois, querem continuar a bebê-la nos seus países de origem”.
Sem que ninguém o previsse, foram as cápsulas que fizeram a revolução do consumo em todo o mundo e acabaram por impulsionar as vendas do café português. O fenómeno das cápsulas já tem décadas, mas acabou por massificar-se, a partir de 2006, a reboque das grandes campanhas de marketing, levando os maiores consumidores de café a substituir as canecas por chávenas. George Clooney deu uma ajuda.
Espanha, Grécia e França são os principais destinos do café português. Curiosamente, cada português consome apenas 4,73 kg de café por ano – menos do que a média europeia de 6,4 kg. Os maiores consumidores estão na Finlândia (11,7 kg), Noruega (9,4 kg), Dinamarca (8,5 kg), Suécia (8,1 kg) e na Suíça (7,5 kg). Em Portugal, no ano passado, o mercado só cresceu 0,6% em volume, mas em valor subiu quase 4%, segundo a Nielsen. “Este ano as vendas a recuperar. O consumo aumentou fora de casa, sem diminuir no lar”, adianta Cláudia Pimentel.
Como George Clooney ajudou a vender o café de Portugal
As exportações de café português duplicaram, em valor, entre 2008 e o ano passado. O café torrado não descafeinado é o campeão de vendas na Europa.
As exportações de café português duplicaram, em valor, entre 2008 e o ano passado. O café torrado não descafeinado é o campeão de vendas em mercados europeus, em grande parte graças à mudança dos hábitos de consumo dos últimos anos em todo o Mundo: o café de saco perdeu terreno para o café expresso, dando margem para Portugal vender as suas “torras lentas e médias e blends [misturas] únicas”, como explicou Cláudia Pimentel, secretária geral da Associação Industrial e Comercial do Café (AICC).