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Cultura

Conhecer o ciclo de transformação da lã, entre Alcanena e Porto de Mós

A empresa familiar Multilãs tem quatro unidades dedicadas a diferentes fases de transformação da lã. Um dos primeiros passos é retirar-lhe a sujidade, num imponente lavadouro que teria como destino a sucata. O processo decorre entre Alcanena e Mira de Aire, Porto de Mós.

O ponto de partida é em Alcanena, numa das quatro unidades de produção da empresa familiar Multilãs, que une João Pessegueiro (pai), João Pessegueiro (filho) e Otília Santos. É um pólo dedicado à receção e à triagem da lã, vinda das redondezas e do Alentejo, bem como à sua lavagem. As restantes unidades ficam em Mira de Aire, Porto de Mós, e ocupam-se de outras partes do processo de transformação da lã, que há-de resultar em mantas, casacos e demais produtos. Diferentes faces de um ciclo que se pode conhecer, ao vivo, por marcação.

A lã é separada por categorias, antes de ir a lavar.
(Fotos: Pedro Cerqueira/DR)

 

Estamos, pois, no armazém de lãs de Gouxaria, Alcanena, diante de fardos com 500 quilos, correspondentes à lã de 200 ovelhas. Como cada tipo de lã tem a sua finalidade, é preciso classificá-la. Separa-se a branca da preta e a fina da grossa – se a mais fina se destina a casacos, a mais grossa gera tapetes.

Segue-se a lavagem, que a firma só passou a assegurar neste ano, com a entrada em funcionamento de um lavadouro de lã, de origem inglesa, adquirido pela Fábrica António Alves, de Torres Novas, nos anos 50, e mais tarde deslocado para a Fábrica Rolã, em Alcanena. Ambas encerraram, e a Multilãs acabou por ficar com a máquina, que tratou de restaurar e automatizar. “Era para ir para a sucata e foi salva por nós”, comenta Otília, gerente da empresa.

Naquele lavadouro de lã possante, que se estende por vários metros, a matéria-prima passa por diferentes tanques e por rolos que a comprimem, para, no fim, ir a secar. Já desprovida de sujidade, a lã é cardada, penteada, novamente cardada e depois fiada, explica Otília. Uma das fases do processo a que se pode assistir, já em Mira de Aire, numas antigas instalações da extinta fábrica Tapetes Vitória, é a da fiação. Duas máquinas da década de 1960 convertem a rama da lã em fio: a carda, de origem belga, da marca H. Duesberg-Bosson; e o contínuo, de origem italiana, da marca Gaudino.

No mesmo espaço, procede-se ainda à tecelagem, ao tratamento dos tecidos e à confeção. Os produtos finais em lã são comercializados com a etiqueta CHIcoração, marca própria com seis lojas em Lisboa e um showroom ali. Há desde mantas e casacos até bonecos e porta-chaves, para evitar o desperdício.

 

 

Foto de Capa:  Pedro Cerqueira/DR

Fonte: Evasões

 

 

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